Apontamento luso-indiano nos Oscars

No filme sensação do momento, Slumdog Millionaire, que arrebatou oito estatuetas douradas da Academy of Motion Pictures Arts and Sciences, entre os quais o de Melhor Filme, o papel de Latika, a protagonista feminina, é desempenhado pela actriz e modelo indiana Freida Pinto.O seu apelido chamou-me, naturalmentem, a atenção, pelo que iniciei uma rápida busca na internet, cujos resultados me pareceram interessantes e merecedores de partilhar com os leitores e escritores deste blog.

Esta jovem de 24 anos, nascida em Mumbai, frequentou o St. Xavier’s College, da mesma cidade, pertencendo a uma comunidade cristã oriunda dos católicos de Mangalore, no estado de Karnataka ao sul de Goa.

Estes são descendentes de goeses que, nos dois séculos entre 1560 e 1760, migraram para este território do sudoeste indiano,  fugindo da inquisição em Goa e de conflitos armados, mantendo ainda hoje o Concanim. A sua diáspora estendeu-se a outras partes do território indiano, mas existem também comunidades nos estados árabes do Golfo Pérsico.

Existe uma outra actriz indiana, esta famosa em Bollywood, também natural de Mumbai, cuja família descende dos católicos de Mangalore, a jovem Genelia de Souza, de 21 anos.

Ouvi alguém dizer que a atribuição de um Oscar a Penélope Cruz, nascida em Alcobendas, Espanha, era o mais próximo que Portugal alguma vez tinha estado de ganhar um desses galardões. Permitam-me discordar… Como português, sinto-me mais próximo do filme Slumdog Millionaire, cuja protagonista pertence a uma família influenciada pela presença lusa no oriente, do que a qualquer espanhol )com todo o respeito pelos nuestros hermanos e sem qualquer anti-castelhanismo primário).

Pedia ao Professor Teotónio R. de Souza (esta segunda actriz de que falo terá alguma ligação à sua família?) e outros ilustres companheiros das Folhas de História, conhecedores das realidades indo-portuguesas, que corrigissem qualquer informação equivocada, aqui apresentada, ou que complementem com contributos que julguem importantes.

Fontes:

http://en.wikipedia.org/wiki/Freida_Pinto

http://en.wikipedia.org/wiki/Mangalorean_Catholics

http://en.wikipedia.org/wiki/Genelia_D%27Souza

Nuno Frazão  nfrazao@gmail.com

Na Rota de Cister

Fruto de contactos com várias editoras, com o fim de alimentar este blog com algumas sugestões de leitura (o que não tem acontecido por manifesta falta de tempo, como podem, ou não, ter reparado), sou periódicamente informado, não só dos lançamentos literários, mas também das actividades das mesmas.

Assim, a Ésquilo informa-nos relativamente à visita que está a organizar, em conjunto com a Nova Acrópole, aos mosteiros cistercienses de Cós e de Alcobaça, liderada pelo historiador Pedro Gomes Barbosa.

Aqui está, então, a informação que me foi enviada para partilhar convosco:

NA ROTA DE CISTER
Visita guiada aos Mosteiros Cistercienses de Alcobaça e de Cós

Domingo, dia 1, às 8h30

Inscrições até 29 de Maio

Por Pedro Gomes Barbosa

Historiador, professor com agregação e coordenador de História Medieval da Faculdade de Letras da Univ. de Lisboa. Sem dúvida, uma das autoridades em Portugal em História Medieval e no estudo da Ordem de Cister e de Bernardo de Claraval.

Programa:

8h30 – Partida de Lisboa junto às instalações da sede da Nova Acrópole: Av. António Augustod e Aguiar, 17 – 4º esq.

11h – Início da Visita ao Mosteiro de Cós

13 – Almoço

14h30 – Visita ao Mosteiro de Alcobaça onde poderão ser visitados alguns espaços interditos ao público.

18 h – Regresso a Lisboa com chegado prevista para as 20h30.~

Preço: 60 euros (inclui transporte, almoço e entradas nos monumentos)

Informações e inscrições: telf. 213 523 056, telm. 939 800 855 ou e-mail: lisboa@nova-acropole.pt

MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE CÓS

O Mosteiro de Santa Maria de Cós é considerado a primeira casa feminina de Cister em Portugal. Primitivamente fundado, em 1211, na Póvoa de Cós, foi transferido para a sua actual localização nos finais do século XV ou inícios do XVI, sendo a sua primeira abadessa D. Benta de Aguiar. Do Mosteiro restam actualmente a igreja com a sua sacristia, e as ruínas de algumas instalações monásticas. O seu abandono progressivo, após a morte da última abadessa, que recusou abandonar as instalações após a extinção das Ordens Religiosas em 1834, levou ao estado de degradação. Nos anos 80 do século passado a igreja e a sacristia foram intervencionadas e recuperadas. Destacam-se os tectos de madeira, finamente pintados, os cadeirais, com um S cortado por uma seta, de difícil interpretação, e o seu importante conjunto de azulejos. Destes, os mais importantes e interessantes são os da sacristia, feitos no século XVIII, mas a partir de “cartões” do século anterior.

MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE ALCOBAÇA

Em 1153 Afonso Henriques dá o couto de Alcobaça ao mosteiro cisterciense de Claraval, e ao seu abade, S, Bernardo. Pensa-se que a chegada dos primeiros irmãos conversos, acompanhados de leigos trabalhadores, é anterior à formalização da doação, por carta (1148), já que estipulavam os estatutos da Ordem que quando o novo abade chegasse, acompanhado pelos seus 12 monges, teriam que estar prontas algumas instalações: igreja, dormitório e refeitório, para além de alguns edifícios de apoio.

A lenda diz-nos que a primeira escolha dos monges recaiu sobre o lugar de Chaqueda (hoje, Chiqueda), a cerca de 5 quilómetros do actual mosteiro. Mas os anjos mudaram as marcações dos alicerces para onde está hoje o Mosteiro. Esta lenda pode ver-se representada nos azulejos da Sala dos Reis. Ao longo dos séculos Alcobaça foi aumentando de prestígio e riqueza. O primitivo mosteiro sofreu ampliações e reformas, sendo as mais importantes feitas já na Época Moderna, entre finais do século XVI e inícios do XVII. Mas muito ainda sobrevive do antigo conjunto medieval. O edifício mais importante, pela sua harmonia e beleza, é a igreja, com a sua cabeceira gótica com deambulatório e capelas radiais. Pelo meio da nave corre subterraneamente um aqueduto, assinalado nas paredes laterais por uma pequena boca de poço e por uma lápide. No seu interior encontram-se ainda os túmulos de Pedro e Inês, embora não na sua localização primitiva.
É de realçar o claustro e todas as dependências anexas, nomeadamente o Sala do Capítulo o refeitório e o dormitório dos monges, e a famosa cozinha, obra tardia, e que substituiu o calefatório medievo. A ala oeste, a dos irmãos conversos, foi modificada profundamente quando estes desapareceram da estrutura alcobacense. Do que foi refeito é de realçar a Sala dos Reis, com os seus azulejos e as estátuas dos reis de Portugal, obra dos barristas de Alcobaça.

Pedro Gomes Barbosa
Historiador

Quero o 25 de Abril! Não o Revivalismo!

Em primeiro lugar, devo declarar que duvidei em titular este post com a presente nomenclatura, ou em fazê-lo com a denominação “Peço desculpa”.

Isto porque sempre que oiço os discursos, dos mais variados quadrantes da sociedade portuguesa, todos os anos, por altura do 25 de Abril, me parece que todos querem, de forma egoísta, ser donos desta data. Aliás, mesmo fora da altura das comemorações, quando falo com as gerações mais avançadas (obviamente com honradas excepções) quase me sinto obrigado a pedir desculpa por ter nascido depois de 1974. Por não ter sentido as amarguras do totalitarismo. Por não ter lutado pela liberdade. Pasme-se, por ter esse imenso defeito de já ter nascido em liberdade. Aproveito agora para pedir desculpa… Perdoem-me por ter nascido em 1978! Mas quanto a isso não posso fazer nada, falem com os meus pais.

Se quiserem, todos os que querem ser donos da liberdade (antítese curiosa esta, não?), ficar com o monopólio do 25 de Abril, por mim tudo bem. É vosso! Para mim, o importante não é a data. Claro que reconheço que os marcos cronológicos são importantes por questão de memória. Mas se a memória servir para construir um futuro, não para que fiquemos reféns do passado, ou de passados. Retomando, para mim, o importante são as vitórias que se alcançaram, as que se deveriam ter alcançado e as que ainda podemos, ou devemos alcançar, com a mudança proporcionada pelo 25 de Abril.

Quero o 25 de Abril do fundamental, não o revivalismo do acessório!

Quero o 25 de Abril progressista, não o revivalismo paternalista dos que, substituindo instituições decadentes, querem ser os novos “pais da pátria”!

Quero o 25 de Abril que permite à minha geração respeitar a sua Constituição e alterá-la, se necessário, para construir um melhor futuro para todos; não o revivalismo de sempre ter de seguir Jorge Miranda, Gomes Canotilho ou Tavares Miranda, com todo o respeito por estes mestres, digam o que disserem, por serem “os pais da Constituição”! (Em 34 anos não terão surgido novos constitucionalistas de valor em Portugal?)

Quero o 25 de Abril que me faça relacionar-me com os meus irmãos lusófonos de forma descomplexada; não o revivalismo de paternalismo neo-colonialista em relação a África, ou reaccionário relativamente ao Brasil, ou amnésico no que diz respeito à Ásia!

Quero o 25 de Abril que me permita analisar o seu antes, durante e depois, de forma imparcialmente analítica; não os revivalismos maniqueístas!

Quero o 25 de Abril que respeite as mulheres; não o revivalismo que as controla dando-lhes a ilusão das “quotas”!

Quero o 25 de Abril que me permita sonhar com um futuro colorido; não o revivalismo que apresente uma outra tonalidade de cinzento!

Quero o 25 de Abril verdadeiramente democrático; não o revivalismo proporcionador das oligarquias partidárias!

Quero a essência do 25 de Abril sempre, mas o revivalismo… Nunca mais!

Nuno Frazão

Sugestão de Leitura 6

 Sugiro hoje este álbum, com texto do historiador Paulo Pereira e fotografias de José Guapo, Manuel F. Chaves e Paula Benito. Nesta obra é reunido um grande número de estruturas do nosso património megalítico, como o Tholos do Monge (Sintra), o Cromeleque dos Almendres (Évora) ou o Menir da Rocha dos Namorados (Reguengos de Monsaraz).

Portugal Megalítico é lançado pelas Edições INAPA.

Sugestão de Leitura 5

Mais uma sugestão, desta vez de um livro que vi num escaparate me parece bem interessante, principalmente para quem se interessa também por História das Ideias Políticas, editado pela Aletheia, no presente ano:

Segue a sinopse (que na minha opinião peca pela pouca informação de conteúdo, porém a relevância do autor e do tema apresentado devem ser motivos suficientes para merecer a atenção da maioria de vós):

 “Esta é uma obra de estudo dedicado a Maquiavel e à sua influência no nosso País por um dos mais eminentes professores de História do Direito.
Martim de Albuquerque é Doutor pelas Universidades Complutense de Madrid e de Lisboa, Professor Catedrático de Ciências Histórico-Jurídicas da Faculdade de Direito de Lisboa, membro da Academia Internacional da Cultura Portuguesa e da Academia das Ciências de Lisboa. Foi director do Arquivo Nacional da Torre do Tombo.”